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Marlon Brando, o "boy magia" da década de 60 |
Nos primórdios das feituras (ainda bastante experimentais) cinematográficas (final do séc. XIX), os artistas não sentiam o mínimo prazer ao avistarem os seus nomes divulgados nas projeções. Não se identificarem era, portanto, uma maneira de "manter a reputação".
Primeiro, porque o cinema era uma forma "vulgar" e absolutamente popular de entretenimento (visto apenas um passo acima dos carnavais e freak shows), além da "falta de voz", tão valorizada no teatro (este sim, atraia a elite!) constituir um enorme desconforto e mesmo solicitar o desenvolvimento de uma nova maneira de atuar. Os produtores, por sua vez, não faziam vista grossa à situação, bastante cômoda até, uma vez que, ao aumentar o prestígio e o poder, os atores poderiam exigir cachês mais elevados.
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Considerada, ao lado de Florece Turner (1885-1946), uma das primeiras atrizes de cinema do mundo, Florence Lawrence (1886-1938) era aclamada na era do cinema mudo. |
O público, no entanto, queria mais! Desejava saber os nomes dos atores, até mesmo para reconhecer e selecionar os que mais lhe agradava. Eram comuns apelidos como "a menina da Biograph" (em referência à Florence Lawrence) até o desenvolvimento de algumas revistas que possibilitaram o conhecimento sobre os atores fora dos papéis no cinema, levando os produtores à percepção de que a associação com imagem pessoal do artista poderia vender mais cópias e, é claro, produzir mais fortuna.
Inspirados, então, nos precedentes do teatro e imitando o "sistema de estrelas" da Broadway, estimulado por Charles Frohman, os produtores de cinema passam a enfatizar na montagem a imagem . Os cinegrafistas passam, assim, a incrementar maneiras mais eficientes de transmitir as emoções dos personagens. Inserem, então, os "cortes de reação" (geralmente close-ups nos rostos dos atores) a fim de provocar uma "transferência" mimética de comoção para o espectador, que se identifica de imediato e, desta maneira, passa a se sentir absolutamente íntimo de atrizes como, por exemplo, Marilyn Monroe. Se sente como um amigo ou membro de sua família. Não, mais! Em determinados momentos, é como se fosse a própria Marilyn Monroe! Assim começa a surgir o sistema de hollywoodiano de estrelas, no qual o ator nunca se entrega absolutamente ao personagem, independente dos seus dotes dramatúrgicos. Ele é uma estrela, está acima de qualquer herói da cena e é o seu "nome", inclusive, que agrega valor à ela.
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Foto censurada (somente liberada em 1997, pelo FBI) de Marilyn Monroe c/ o então presidente dos EUA, John Kennedy. Monroe é considerada, ainda hoje, um ícone de beleza, glamour e sensualidade. |
A industria cinematográfica americana passa, então, a fabricar verdadeiras "personas", que deveriam até assinar cláusulas de moralidade, como parte comum dos contratos dos estúdios. As mulheres deveriam comportar-se como senhoras exemplares e, lógico, nunca saírem de casa sem uma boa maquiagem e roupas elegantes. Dos homens, por sua vez, era cobrado que portassem um exímio cavalheirismo, principalmente ao serem flagrados em público. Exigências tais concomitavam com a enorme responsabilidade que o cinema tinha de transmitir os mitos e os sonhos da sociedade, incluindo a tão sonhada "chance de felicidade na América". Os atores e atrizes eram o "espelho" das possibilidades, independentemente da classe social de quem os apreciava.
Entre as décadas de 30 e 60, no entanto, vão se tornando grupos cada vez mais seletos e as punições dos estúdios aos que não conseguiam se encaixar nas exigências contratuais, estreitam as relações tornando a situação cada vez mais delicada. A publicidade, ao acompanhar tais incidentes, promove uma série de especulações gerando diversas polêmicas e suscitando o desejo de liberdade, tanto do público, quanto dos artistas.
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Julia Roberts, uma das mais prestigiadas atrizes norte-americana |
O Legado...
O fenômeno da fama, no entanto, permanece essencial para Hollywood, devido á sua capacidade de atrair os espectadores. Através dos atores, os cineastas "fisgam" um público fiel, que assiste regularmente os filmes em que os seus atores e atrizes favoritos aparecem. Diversas agências de talento vendem os seus atores para os filmes, reduzindo riscos de fracassos de bilheteria e colaborando no aumento dos lucros.
Referências:
DEAN, Zoey. ESCOLA, Hollywood é como a. Ed. Galera Record: Rio Janeiro, 2013.
Dicas de Filmes:
Crepúsculo dos Deuses (1950)
O Artista (2011)