Como eu penso os Gêneros Literários - Uma Introdução


O caminho através do qual tenho buscado me situar acerca da existência - ou não -, ou pelo menos da consciência em torno do assunto, dos Gêneros Literários tem sido desafiador e, vale ressaltar!, como todo bom epílogo: extremamente complexo.

Isto porque o roll que compõe o tema é extremamente extenso, tanto por ser erudito, quanto por ter sido (e continuar sendo) tecido ao longo dos tempos. Portanto, muitos são os autores que perpassam e desafiam o assunto. E, consequentemente, muitas são as abordagens... céticas, assertivas, etc; o que tem me despertado a refletir, é certo! - conquanto, um tanto quanto confusa e em ainda vias de assimilação.

Acho importante falar sobre isto mesmo para propor um processo de introspecção que me permita investigar um pouco acerca da minha compreensão do que ando lendo. E, compreender, por sua vez, tem sido uma atividade absolutamente aliada à reveladora prática da escrita. Pretendo, assim, neste conjunto de textos no quais intenciono traçar um modesto panorama sobre a Teoria dos Gêneros (sem nenhuma pretensão técnica ou erudita, numa prática muito mais pautada para futuras consultas particulares).

Baseado nas diversas experiências de análises já feita, as quais chagaram a mim através do texto de Moisés Neto, podemos ramificar a experiência literária em duas vertentes: os textos que produzimos nas situações cotidianas de comunicação são classificados como "textuais ou discursivos" - cartas, artigos, e-mails, receitas de bolo... etc. Classificação que, na minha opinião, é bastante redundante, chegando mesmo a constituir um pleonasmo, uma vez que, ao meu ver, a literatura (no sentido amplo, proposto por Anatol Rosenfeld, segundo o qual esta constitui tudo o que aparece fixado por meio de letras) produz um discurso (sendo este próprio termo, por sua vez, agente de diversas facetas, mas em minha compreensão para este emprego, equivale ao conjunto de idéias organizadas, através de um linguagem - verbal, neste caso - de maneira a depreender um raciocínio, uma idéia). Portanto, apesar de compreender a "necessidade" da classificação (demarcatória), eu não concordo com ela.

A outra vertente apresentada no texto constitui aquela na qual incluem-se os textos, propriamente "literários", ou seja, frutos do uso dos "recursos literários" - outro pleonasmo! - (termo que, ao meu ver, pretende mencionar os possíveis recursos estilísticos que conferem a forma da prosa, poesia, epopeia ou drama, espécies propostas por Aristóteles, em sua Poética.

Com isto, não pretendo ostentar que possuo qualquer rigor metodológico para analisar tais classificações, apenas estou praticando um exercício de raciocínio, talvez uma crítica terminológica. Devido, inclusive, a falta de um rigor capaz de romper as regras aristotélicas, que torne a Poética um instrumento ainda absolutamente importante para a análise das "belas letras", "beletrística" ou  ainda belle lettres.

Portanto, para me localizar na discussão, entendo a classificação dos gêneros (sem rigor metodológico, reafirmo, e pautado nas leituras que tendo realizado [1]) constituída por um grupo maior, que abarca o relativo às formas e conteúdos, a ver: prosa ("parágrafos"), poesia ("estrofes em 1ª pessoa"), epopeia ("estrofes em 2º ou 3º pessoa") ou drama ("imitação") -, cujas descrições nos respectivos parentes - toscas e levianas - servem apenas como paliativos da memória.

Num sub-grupo, classifico as peculiaridades, ou seja, especificidades inerentes à cada gênero: se a prosa é muito extensa (tamanho), por exemplo, pode ser chamada de "novela".

Assim eu me localizo na classificação dos gêneros e vou buscando compreender as tantas teorias sobre o assunto. Afinal de contas, será que existe uma classificação eficiente? E por que classificar?

A fim de ir elucidando tais questionamentos, pretendo, nos textos seguintes, ir traçando aos poucos um breve panorama da história dos pensamentos acerca das teorias dos gêneros.

Referências Bibliográficas:
>> POÉTICA, Aristóteles. Notas e tradução: Edson Bini. 1ª ed. Edipro: São Paulo, 2011.
>> A PERSONAGEM DE FICÇÃO: "Literatura e Personagem", Rosenfeld, Anatol. 10ª ed. Perspectiva: São Paulo. 2004.
>> http://www.moisesneto.com.br/estudo39.html