A Morfologia e a Sintaxe do Cinema

Visualizar significa transformar idéias (narrativas, temáticas ou formais) em imagens. 

Constituindo, pois, o cinema uma importante ferramenta de construção imagética, nada mais coerente que se metamorfoseie e seja capaz de agrupar uma série de técnicas e aspectos, ao passar do tempo. Tais apetrechos constituem uma "linguagem", ou seja, um modo, através do qual  se constitui determinada identidade artística.

Tal linguagem, longe de limitar-se por um rígido e constante caminho, é um importante instrumento de organização estética e conceitual, que muito tem em comum (e até apresenta certa parcela de dívida em relação a esta) com a linguagem verbal, ou seja, aquela que utiliza as palavras como o veículo transmissor da informação.

O cinema, do mesmo modo, pode ser organizado em estruturas (sintáticas, semânticas, morfológicas e pragmáticas) inter-relacionadas, uma vez que a sintaxe, por exemplo, é um dispositivo indispensável para revelar a semântica (principalmente em relação ao cinema narrativo). No entanto, balizaremos esta pequena discussão em torno de apenas duas, já mencionadas: sintaxe e morfologia. E para fins didáticos, façamos uma breve passagem através das definições de cada uma delas.

A morfologia constitui o estudo do aspecto formal das palavras. Veja bem: das palavras e apenas delas! Ou seja, é a metodologia através da qual podemos classificar as palavras em substantivos,  artigos, adjetivos, numerais, pronomes, verbos, etc.

Enquanto a sintaxe agrega o conjunto destas palavras e como elas se articulam, ou seja, a frase. Os seus termos essenciais (sujeito e predicado, por exemplo), integrantes (complementos verbais, nominais, etc), acessórios (apostos, vocativos, adjuntos, etc), os períodos e assim por diante. É, portanto, um conjunto mais complexo e extenso quantitativamente.

O raciocínio cinematográfico, da mesma maneira, caminha mais ou menos por aí!

É possível pensar o plano (ou seja, a unidade filmada do início ao extremo da sua interrupção ou "corte") como uma peça autônoma, uma palavra. No entanto, para que a expressão da ideia seja mais eficiente, um filme é composto por vários deles, ou seja, por "frases" (devidamente pontuadas, inclusive, através de técnicas como cortes secos, fusões, etc), que permitem a visualização das ações através de ângulos pré-determinados (atuantes, por sua vez, como o "ponto de vista" do público). Tais "frases" são chamadas, cinematograficamente de "sequências". Entretanto, as sequências são diferentes das "cenas", que correspondem ao cenário, ou seja, ao local da ação. Uma sequência pode conter diversas cenas. E desta maneira, podemos organizar linguisticamente o que deve ser mostrado. 

Uma importante ressalva, é que esta pequena análise se detém apenas às disposições formais (ou seja, as relativas às formas, às configurações), das imagens. O texto não se estende (como a sua própria definição temática assegura) ao caráter significante e/ou narrativo das mesmas, tarefa cabível às demais estruturas linguísticas supracitadas, as quais pretendo escrever sobre um pouco mais a frente: a semântica e a pragmática.

Recomendo a leitura do texto abaixo (d'um blog do qual eu, inclusive, atrevidamente, extraí  a imagem acima), que discute principalmente a volatização da película - o fator-propulsão, a causa primeira, da própria história do cinema, da sua existência técnica e, consequentemente, a dos planos e sequências; assim da bibliografia listada, para quem deseja fontes diversas e mais informações sobre o tema.

O FILME DE PELÍCULA MORREU

Bibliografia:
>> MASCELLI, Joseph V. CINCO CS DA CINEMATOGRAFIA, OS.; 1ª Edição, São Paulo: Sumus Editorial, 2012. ISBN: 978-853-230-649-4
>> NOGUEIRA, Luís. PLANIFICAÇÃO E MONTAGEM., Covilhã: LabCom, 2010 ISBN: 978-989-654-043-2